A lâmpada - pela banda mola dudle
Espectáculo Teatro-Musical

27 de Novembro início às 22.00h

Espectaculo integrado nas Noites do FIKE

mola dudle

Lâmpada é um irónico statment pop em três andamentos sobre os mecanismos da ilusão que deram corpo ao século xx. Recorre tematicamente a publicações periódicas femininas e literatura de cordel do início do século numa visão do romantismo, não como tema mas como forma. No seu centro encontra-se a imagem de uma lâmpada que simboliza o fascínio pela electricidade no que esta se traduz em magnificações, frivolidades, anseios e projecções.
Com uma abordagem que integra cenografia, video, actores e músicos-actores, bem como uma banda em palco numa linguagem que se afasta do concerto músical típico de banda ao vivo, o conceito explora a ideia da ilusão típica do pré-cinema: misto de ambiente de ilusionismo com um bizarro orgão-máquina-oráculo.

A música, tal como o espectáculo, é extraída do disco “o futuro só se diz em particular”, editado pela Ananana, produzido por Mário Barreiros e com a participação de Armando Teixeira (balla e bullet) e Manuela Azevedo (clã). Toda a composição partiu da exploração de vivências, hábitos e costumes dum período ainda longe do rock&roll e do futurismo “sci-fiction” típico dos anos 50, mas importantes por visionarem toda uma ideia de século. Nele exploram-se sonoridades em torno de um contrabaixo e de uma voz aliados a uma tradicional formação acústica, apoiada pelo uso de samplagem. Os músicos dispõe-se lateralmente no palco dominado pelo imenso orgão-máquina-oráculo.

A estrutura dramática recorre a intermezzos – espaços exclusivos de representação - que unem as diferentes canções, as quais não seguem uma lógica narrativa. Um maestro criador ilusionista (actor e músico) manipula um galã (cantor) e uma diva (actriz) que se confrontam entre si, quer como ícones de sedução, quer como actores dos seus próprios jogos de fascinação. Observa-se um homem e uma mulher numa artificialidade de época que disfarça ironicamente a semelhança com os nossos dias. Conhece-se a previsão de moda e a adivinhação de madame brune; um ilusionista que opera máquinas; uma actriz inflamada por pierrot; os exercícios de um homem magnético; o doce engano de um galã por uma diva; canários instruídos; inscrições de amores numa árvore.

A lâmpada é utilizada propositadamente num ambiente de antigo sarau numa pequena sala. A sua iluminação é assumidamente branca e fraca e produzida por lâmpadas comuns. Há um “oráculo”, écran circular de projecção de video; janela género “espelho mágico”, onde se formulam perguntas. Surgem imagens como traquitanas de feira, símbolos e caras em movimento.

Por fim, para o guarda-roupa busca-se o absurdo dos padrões, modelos e cores de linhas que não chegaram aos nossos dias. Manequins exageradamente inchados, roupas de dormir e fatos de gala que mais parecem provir de uma qualquer colecção contemporânea. Remata-se o jogo dos símbolos.

Do mesmo modo como o disco “ o futuro só se diz em particular”, – lâmpada - não procura recriar um espectáculo de época. Joga com os seus signos como se fosse uma matéria plástica. É este o principal propósito do projecto mola dudle.

Bateria: Luís Desirat
Teclados e guitarra: Matze
Contrabaixo: Diogo
Voz e guitarra: Nanu
Actriz: Margarida Moreira
Concepção: Francisco Suspiro e Nanu
Figurinos: Fernanda Ribeiro
Cenografia: Francisco Suspiro, Nanu e Matze
Coreografia: Elèonore Didier
Video: Francisco Suspiro e Paulo Abreu
Desenho de som: David Hinrichs